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A CIDADE REAL: A RESISTÊNCIA CULTURAL DOS APARTADOS CARIOCAS NA LITERATURA DE JOÃO DO RIO
THE REAL CITY: THE CULTURAL RESISTANCE OF SEGREGATED CARIOCAS IN THE LITERATURE OF JOÃO DO RIO
Karen Miranda
Com o objetivo de equiparar o Rio de Janeiro às grandes cidades do mundo, os governantes da época apresentaram um projeto de reforma urbana baseado em quatro grandes motivos: a higienização do centro urbano, a viabilização da circulação de produtos, a melhora moral da cidade e a reafirmação do sistema republicano. Com isso, reformas foram executadas de modo a não só modernizar a cidade, como também civilizá-la de acordo com os padrões europeus da época, em específico, à moda francesa. Contudo, a cidade abrigava uma população que não era condizente com o modo estilo de vida que se tentava instaurar. Vivia na cidade um povo multifacetado cujas culturas se mostravam heterogêneas e diferentes daquilo que se apresentava na Europa. Diante disso, o governo realizou diversas medidas com o intuito de “educar” esses indivíduos para que se apresentassem de acordo com o projeto de modernização. Quando se verificava a não adesão aos novos costumes, o governo reprimia e marginalizava-os, os obrigando a realocar-se e reconfigurar-se nas zonas periféricas da cidade. O presente trabalho busca, a partir das crônicas de João do Rio, analisar como a literatura revelava a marginalização e consequentemente a reconfiguração, a resistência e preservação da cultura popular carioca, no início do século XX durante as transformações ocorridas no Rio de Janeiro, no período que ficou conhecido como o projeto de modernização da cidade..