Partindo do princípio de que o conceito de realismo no qual se baseava a escritura de Georges Perec teria sido, pelo menos em parte, criado a partir da pintura, pretendo discutir nesse artigo a relação estabelecida pelo escritor entre literatura e artes plásticas, e o modo como esse diálogo aparece em um de seus textos mais conhecidos, La Vie mode d’emploi. Para tanto, analiso os pontos de contato entre a poética perecquiana e os procedimentos empregados por dois pintores presentes nesse texto, Franz Hutting e Vladislav, tentando identificar neles elementos importantes para Perec, tais como a ligação entre os artistas e seus antecessores e também o jogo com o público.