apresentação

 

E chegamos ao número dez... apesar de tantos terem dito que este canal seria apenas mais um fadado ao desaparecimento precoce! Os reveses, é evidente, são sempre muitos, mas não podemos nos deixar contaminar, afinal se há os que torcem para que as coisas não andem, de maneira bem superior há aqueles que vibram quando o trem se encaminha para os trilhos. Além disso, há algo em nós que nos movimenta sempre: a eterna teimosia dos sonhadores!

Neste número, seremos recompensados com artigos de altíssimo nível que refletem, cada vez mais, o espírito científico e interdisciplinar de nossa revista. Da questão mitográfica do sebastianismo e do surgimento de correntes messiânicas, existentes ao longo dos séculos no imaginário das sociedades lusófonas, como demonstram os professores Álvaro Gomes, Alzira Campos e Eliane Teixeira; a uma visão crítica de como se emprega, de forma imprecisa, a questão do discurso científico, conforme discorrerá o professor Antônio Jackson. Este abordará como, a partir dos resultados do teste do Carbono 14 efetuado em amostras do Santo Sudário em Turim, cientistas, agnósticos e teístas de diversas agremiações religiosas não católicas comemoraram seu resultado como um “desmascaramento” da estranha relíquia. O professor argumenta, no entanto, que eles se esqueceram de que a história da arte demonstra, por meio das imagens, o contrário do que aponta o resultado dos exames.

A imagem, entretanto, mais do que concludente e se empregada com critério, pode levar à criticidade, minimizando os efeitos da passividade diante da padronização cultural que podemos perceber de forma intensa nos dias de hoje. Para minimizarem-se esses efeitos, a educação tem um papel primordial, por isso não precisa apenas integrar-se aos novos meios de comunicação ou mesmo aos mais antigos como o cinema, mas também trazê-los para as salas de aula, como demonstra o pesquisador carioca Yuri Garcia.

Na mesma linha, a professora Andreia Escudero nos traz uma reflexão sobre as técnicas que meios de comunicação, em especial a televisão e mesmo o cinema, utilizam para criar projeções, identificações e sentimentos de familiaridade por meio de seus personagens e narrativas.

Permeando ainda a questão do cinema, o professor e maestro Marcos Sergl vai além em seu belíssimo texto: analisa a abertura do filme  Melancolia, demonstrando como Lars Von Trier traça, de maneira poética, musical, imagética e sentimental o fim do planeta Terra, por meio de imagens oníricas em slow motion, com o apoio da música de Richard Wagner.

No cerne da educação e, em especial, do papel do professor nesse processo, a professora Daniella Buttler discorre sobre a questão da representação da imagem do professor enquanto profissional. Este, ao longo de nossa história, ou é valorizado por sua paciência e bondade, ou é reconhecido por seu autoritarismo. Entretanto, esquece-se de que, no mundo de hoje, com seus múltiplos problemas reais e prementes, esse profissional tenha de oscilar seu papel tradicional para além deste ou daquele paradigma, adentrando no âmbito de outros profissionais.

Renato Vieira, por sua vez, demonstra como narrativas jornalísticas além de resgatar uma figura histórica como JK, ao discorrer sobre a importância de seus discursos, também fornecem um novo significado ao cotidiano do país, ativando não só seu imaginário, como também mitificando aquele período de governo.

Ainda embarcando no Brasil histórico, os professores Eduardo Bonzatto e Naja Polichuk, fazem com que viajemos para a cidade de Curitiba, nos anos de 1970, ao apresentar a trajetória da feira dos hippies que se tornaria popular no local, bem como a arte por eles executada, o zanato, em que se tece um diálogo no qual o eco das palavras ainda pode ser ouvido, revestido de contemporaneidade e permeado de resistência.

Espero que vocês possam viajar conosco e também participar nesta empreitada, afinal o sucesso não é individual, depende de cada um de nós!

Grande abraço e saudações acadêmicas!

 

Comissão Editorial.