Apresentação
Mais um semestre de muito trabalho e oferecemos a nossos leitores contribuições significativas de vários pesquisadores que nos brindam com parte de suas pesquisas, a fim de torná-las acessíveis a todos nós.
Da Alemanha, a professora e pesquisadora Simone Malaguti apresenta-nos a análise do filme "Deserto Feliz", de Paulo Calda, em que mostra como a estética do Cinema Novo de Glauber Rocha contribui para o cinema alemão contemporâneo. Assim, após uma introdução a respeito dos cinemas alemão e brasileiro e tendo por base teórica conceitos da hermenêutica intercultural, seu artigo refletirá sobre o papel do estranho na relação teuto-brasileira; apresentando, em seguida, um modelo de análise dos fenômenos interculturais que une princípios dos estudos culturais e da análise fílmica.
Já os professores e pesquisadores Marcelo Santos, Maria Angélica, Renata Lemos buscam reconhecer nos readymades de Duchamp sistemas de tagging avant la lettre, que engendram aquilo que nomeiam como fraturas simbólicas, responsáveis por provocar certo caos para a linguagem convencional. Exemplo disso é transformar um urinol de porcelana em arte, ao deslocá-lo do seu contexto original, nomeando-o de "A Fonte".
Ao partirmos para a Literatura, temos os professores Daniela Buttler e Jovino Balbinot abordam a questão da interdisciplinaridade no romance "Douglas e o Livro de Luz", de Jack Brandão, cujo protagonista precisa buscar estratégias para encontrar um livro que contém todo o saber e conhecimento do mundo. Para conseguir esse fim, Douglas reconstrói todo um significado por meio das diferentes áreas do conhecimento: filosofia, história, religião, metodologia, física, ilustração, ciência, entre outras. Assim, sob essa perspectiva e à luz de teóricos como Sartre, Edgar Morin, Ivani Fazenda, Angela Klein, propõe-se em fazer uma discussão e uma reflexão sobre a construção de um conceito “interdisciplinar” na obra.
O filósofo e mestre em Comunicação, Luciano Marra, propõe, com seu artigo, desfazer-se do mito da racionalidade moderna que alega ser herdeira direta dos gregos, ao mostrar que o ambiente simbólico ático era muito mais agônico e polifônico do que o imaginado, sendo impossível derivar uma racionalidade dicotômica excludente, que predominou no ambiente institucionalizado moderno, a partir de um suposto progresso iniciado na Antiguidade. Revela também que todo discurso com tal intenção de fato oculta as relações apontadas por Foucault entre poder e saber.
Ao se falar em infância, vem-nos ao pensamento crianças brincando, divertindo-se e tendo seu espaço garantido na sociedade, como um ser que precisa de cuidados específicos para se desenvolver. Mas, nem sempre foi assim, conforme demonstram os professores e pesquisadores Antônio Jackson Brandão e Elizabeth Takeda, ao abordarem alguns pressupostos acerca da representação imagética da infância que passou por várias transformações em decorrência das mudanças socioculturais e econômicas, ocorridas ao longo dos séculos.
Por fim, as professoras Marília Gomes e Michele Farina buscam compreender o sentido mítico, subjetivo e imagético do Sport Clube Corinthians Paulista. Isso porque, segundo as pesquisadoras, a trajetória desse time na cultura brasileira está relacionada com seu universo simbólico por meio de suas representações, como o gavião ou mesmo de seu santo protetor: São Jorge.
Desejamos a todos, mais uma vez, uma boa leitura!
Saudações acadêmicas!
Conselho Editorial