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O DESEJO, A TRAIÇÃO E A TRADIÇÃO: A “ALMA IMORAL” À LUZ DA PSICANÁLISE
Gerson Heidrich da Silva
Jainne Santana Soares
O objetivo deste artigo é apresentar uma leitura psicanalítica do livro A Alma Imoral: Traição e Tradição Através dos Tempos, de Nilton Bonder, a partir da noção de desejo para a Psicanálise. O livro foi adaptado e levado ao teatro por Clarice Niskier, tornando-se um espetáculo que é sucesso de público há mais de dez anos. Este fato despertou o interesse de refletir sobre a traição como algo inerente à condição humana, mesmo, e talvez principalmente, em uma sociedade monogâmica. Até porque, quando a psicanálise fala de desejo, refere-se a um conceito cujas principais características são a atemporalidade e a amoralidade, bem como a necessidade constante de se realizar. A princípio, será apresentada a leitura de Bonder sobre a traição e a tradição que, numa prévia, refere-se ao corpo como o que preserva a moral do ser humano e a alma como a que transgride para a evolução, revelando que traidor e traído são um mesmo sujeito. Em seguida, à luz da psicanálise, a noção de que o sujeito busca a satisfação plena como sinônimo de felicidade. No entanto, o desejo anuncia que o prazer está na busca e não, necessariamente, na sua realização.