Apresentação
Prezados amigos,
mais uma vez a Revista Lumen et Virtus se apresenta para transmitir cultura e informação sob um viés interdisciplinar. Não à toa, pesquisadores das mais diferentes áreas enviam-nos, cada vez mais, o resultado de suas pesquisas, a fim de que possamos transmiti-los à Comunidade Acadêmica.
Há quase uma década a Revista Lumen et Virtus publica, ininterruptamente, pois acreditamos no potencial de nossos pesquisadores, ainda mais em tempos tão difíceis e sombrios, pelos quais estamos passando e para os quais não há, a curto prazo, uma dissipação efetiva dessas trevas que cobrem, de modo especial, as Ciências Humanas em nosso país.
Aquilo que chamamos de democracia
não passa hoje de uma mera sombra do que foi há, pouco mais
de dois anos... Devemos tal situação ao caos instalado por
um pequeno grupo que nunca se preocupou com a maioria, pelo
contrário, já que sempre buscou a perpetuação de um Estado
mínimo para a maioria; e um gigantesco para uma minoria!
Enfim, não podemos nos calar e a
melhor coisa que podemos fazer é tentar manter nosso foco em
nossas pesquisas (apesar das constantes dificuldades e
negativas!), de modo especial aquelas que tratam, exatamente,
da questão imagética, sempre empregada sem qualquer pudor
por nossa mídia amante do poder, mas que sabe, como ninguém,
fazer emprego dela a seu bel prazer.
Dessa maneira, muitos de nossos textos acabam demonstrando tal apreensão, como o dos pesquisadores Jack Brandão e da pesquisadora Mariana Mascarenhas que abordarão, exatamente, a questão da avalanche imagética a qual somos expostos diariamente, e como ela nos torna submissos a seu poder, sem a plena consciência de tal submissão. A mídia se aproveita desse fenômeno para lançar a todo momento uma infinidade de informações, fotos e vídeos, os quais são impossíveis de serem absorvidos, criticamente, pelo seu público. Assim, apresentam a obra de Reginald Rose, Doze homens e uma sentença, que provoca tais reflexões, ao narrar a história de um julgamento em que onze jurados votam pela condenação de um réu, acusado de matar o pai a facadas, contra apenas um jurado que vota por sua inocência, não por acreditar nela, mas sim por colocar em dúvida as provas apresentadas. À medida que ele faz suas colocações, outros jurados também passam a se questionar sobre a inocência do réu. Uma reflexão de como os indivíduos devem resistir a verdades já construídas, desenvolvendo potencial crítico e analítico.
Numa linha próxima ao tema, temos o pesquisador Edney Abrantes que tratará da questão do marketing político em nossa sociedade do espetáculo. Esta proporciona o consumo, pelos eleitores, da imagem construída dos candidatos no cenário eleitoral, por meio de táticas e estratégias nada convencionais. Assim, de posse de tais instrumentos, os profissionais do ramo empregam, à exaustão, o astroturfing, os chatbots e os fake news, lançados nas mídias em geral, visando a chegar aos usuários incautos.
O pesquisador maranhense, Jorge Marvão, aborda em seu ensaio as linguagens verbais e não verbais da chamada Teologia da Libertação, movimento da Igreja Católica que, nas décadas de 80 e 90 disseminou-se, no Brasil, por meio das Comunidades Eclesias de Base, como uma contraposição aos regimes de exceção que se espalharam pela América Latina, após a década de 1960. O pesquisador abordará as diversas manifestações religiosas que se fizeram - e ainda se fazem presentes - em muitas comunidades eclesiais espalhadas pelo país, principalmente naquelas que se encontram mais distantes dos grandes centros.
Já o pesquisador Valdemar Valente
Júnior, adentrando no mundo da Literatura, leva-nos à década
de 1930, de modo especial à obra de Marques Rebelo. Tendo o Rio de Janeiro
daquele período como pano de fundo, o escritor aborda, em seus romances, o surgimento da cultura
de massas representada pelo rádio, como instrumento de
propagação de atividades artísticas e desportivas, tais como a
música popular, o futebol e o boxe. Daí surgirem os ídolos
inseridos na ordem do consumo, face à manipulação de que o
poder se utiliza para atenuar a crise política.
Ainda inseridos no mundo literário, temos professora Annateresa Fabris que abordará a obra de Menotti Del Picchia que, a partir de 1920, torna-se o divulgador da plataforma estética modernista, por meio de artigos nos quais evidencia uma visão aristocrática do papel do artista na sociedade contemporânea.
Já a professora Daniella Buttler e seu aluno Jessé Pires propõem uma discussão sobre o texto literário com o qual o leitor se depara nas diferentes circunstâncias da vida, na perspectiva da compreensão responsiva, empregando Bakhtin. Para isso, pautam-se nas reflexões sobre conceito de infância, leitura e literatura, destacando os processos de letramento e alfabetização.
Yuri
Garcia e Matilde Wrublevski, por sua vez, traçam um paralelo
entre as relações do artista e do espectador a partir de três
diferentes linguagens: performance, teatro e cinema. O intuito
dos pesquisadores não é propor uma comparação, mas levantar
questões sobre a aproximação e a participação do público nos
três casos. Para isso, iniciam com uma breve problematização da
questão da busca sobre a aproximação entre arte e vida,
procurando pensar as particularidades de cada uma, e de que
forma essa aproximação é pensada e trabalhada.
Partindo para outras áreas do conhecimento, o pesquisador Jorge
Fernando apresenta-nos alguns dos conceitos da Antropologia para
a discussão de questões-chave da Administração, ao cotejar
exemplos de pesquisadores que tomaram emprestados conceitos e
métodos das Ciências Sociais para realizar sua pesquisa.
Apresenta a narrativa de uma atividade de campo realizada em
evento da comunidade boliviana em São Paulo, buscando trilhar um
caminho etnográfico e elencar, a partir dos autores e conceitos,
a aplicabilidade para o ensino e a pesquisa na área de
Administração.
Por fim,
o pesquisador Carlos Eduardo Plácido, aborda a questão da
leitura de textos multimodais digitais que se
tornam, cada vez mais, comuns em aulas de inglês, ao apresentar
os dados preliminares de sua pesquisa com estudantes de Inglês
como segunda língua, entrevistados na Universidade de São Paulo
(USP).
Desejo a todos uma boa leitura!
Saudações acadêmicas!
Prof. Dr. Antônio Jackson de Souza Brandão
Editor