Apresentação

 

 

Prezados amigos,

 

 

É com grande satisfação que estamos aqui, mais uma vez, anunciando um novo número de nossa Lumen et Virtus: a edição de número 30! Solidifica-se, dessa maneira, nosso sonho de tornar este um canal de divulgação de ciência e de cultura, de modo especial aquelas que tratam da imagem e de sua relação interdisciplinar com outros mecanismos de comunicação.

Muitos foram os percalços, ao longo desses doze anos, inclusive de alguns que fizeram deste o seu espaço de divulgação; mas que, quando acreditaram não precisar mais dele, pedras lançaram em nosso trabalho! Difícil entender - mas nem tanto -, de modo especial dentro de um contexto sombrio como o em que estamos!

Pior que esses ínfimos casos isolados, foi a desagradável surpresa verificada com as mudanças no QUALIS, de modo especial em relação àquelas relativas a nossa revista. Surpreende-nos o fato de que todo nosso esforço e o de diversos pesquisadores, grande parte dos quais doutores e de grande relevância em suas áreas, não tenham sido reconhecidos, de maneira satisfatória, conforme se pode depreender na avaliação efetuada em nosso periódico, aquém do que deveria.

Dizemos isso, pois conhecemos revistas criadas a toque de caixa, sem nenhuma tradição e com pouquíssimos números que galgaram o patamar A2 [!], isso sem contarmos com seu tempo de circulação, seu alcance e a exposição de seu material em nível nacional ou internacional; outras, porém, de maior tradição, mérito e competência mantêm-se no mesmo patamar de antes da mudança ou, pior, desceram! Quais são os critérios empregados para tal avaliação?

Enfim, apesar de dissabores, estamos ocupando este espaço que já conquistamos, de maneira ininterrupta: direito adquirido, usucapião! Nossa felicidade é maior ainda quando vemos pesquisadores de ponta que, desde o início, compreenderam nossa proposta e nunca deixaram de nos enviar preciosas contribuições, enriquecendo-nos sobremaneira. São diversos, de todas as grandes universidades de nosso país, como a Profª Drª Annateresa Fabris, da Universidade de São Paulo (USP), grande pesquisadora da questão imagética no Brasil que, ao longo destes doze anos, contribuiu de maneira contínua com suas valiosíssimas pesquisas imagéticas neste canal, como se vê no ensaio presente neste número.

A professora Annateresa abordará o papel desempenhado pelas primeiras fotógrafas na Grã-Bretanha as quais eram, sobretudo, amadoras, participantes de grupos e clubes informais, cujas imagens abarcavam pesquisas científicas, vistas arquitetônicas, paisagens e cenas de interiores que, por vezes, lembravam tableaux vivants. Alguns estúdios fotográficos comerciais, por exemplo, pertenciam a elas; no entanto, há notícias sobre a presença feminina em todas as fases da produção de imagens técnicas. Nas décadas de 1860 e 1870, algumas damas da aristocracia criaram fotomontagens e fotocolagens, não raro engraçadas, consideradas atualmente precursoras das realizações de vanguarda.

Tivemos também, neste número, o prazer de receber a contribuição da egiptóloga espanhola Profª Drª Maria Rosa Valdesogo que abordará o papel dos documentos do Antigo Egito que chegaram até nós. A partir deles conhecemos sua mitologia, suas cerimônias, como as de sepultamento de seus mortos e os procedimentos para ressuscitá-los no outro mundo. Tais textos funerários desempenharam um papel crucial nesse processo, pois ajudavam os mortos a superar as dificuldades que impediam seu caminho para a eternidade, enquanto outros evocaram situações míticas que promoveriam essa ressurreição. Percebe-se, portanto, como os antigos egípcios, por meio das palavras, souberam transformar situações cotidianas em momentos de grande potencial simbólico.

Já no campo da literatura, o Prof. Dr. José Osmar de Melo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), ao abordar Carlos Drummond de Andrade, busca analisar a questão memorialística, a partir da abordagem do passado como “lugar da reflexão” e como espaço re-inventado no plano da ficção e da arte literária.

Já a pesquisadora Tânia Yumi Tokairin, que versará sobre a poesia de Mário de Andrade e a temática da cidade de São Paulo, enfocará especialmente a última obra do autor, Lira Paulistana (1946), publicada postumamente. Para tanto, também fará emprego de outro livro de poesia essencialmente paulistano, o Pauliceia Desvairada, de 1922, obra inaugural do modernismo brasileiro, sem o qual seria impossível analisar a Lira Paulistana dentro do recorte acima descrito.

Por sua vez, os pesquisadores Mírian Sousa Alves, doutora do Centro Federal de Educação de Minas Gerais (CEFETC-MG), e Rodrigo Santos de Oliveira abordarão o fato de que habitar a metrópole pressupõe transitar entre signos urbanos, decodificar linguagens e realidades a que somos convidados a traduzir em um espaço cerceado, cada vez mais, pela incomunicabilidade e pelo acaso nas relações interpessoais. Assim, os pesquisadores têm como objetivo analisar a função narrativa exercida pelos recursos gráficos e pelos signos dos mercados publicitário e editorial apropriados pela linguagem fílmica em Medianeras, de Gustavo Taretto.

O pesquisador Sérgio Cláudio de Sousa abordará questionamentos acerca do processo da apreensão senciente da realidade por meio das imagens da neurociência, da física com a filosofia que se desenvolveu no século XX. Dessa maneira, tem como objetivo interpor alguns temas dos processos mencionados, física, filosofia e teologia, para decifrar o que é imagem, e a própria apreensão senciente de realidade por meio delas.

Por fim,  na seção de entrevistas, a jornalista Mariana Mascarenhas entrevista o professor e musicista Leandro Pacheco que desenvolveu um projeto no YouTube, em que utiliza de animações, a partir de obras de arte consagradas, para auxiliar crianças a se desenvolverem no universo musical.

 

Gostaríamos, mais uma vez, de agradecer a todos que tornaram possível mais essa conquista!  

 

Ótima leitura  e saudações acadêmicas!

 

Prof. Dr. Antônio Jackson de Souza Brandão

                                 Editor