Apresentação

 

Prezados amigos!

 

 

Finalmente, chegamos ao fim deste tenebroso ano, triste período no qual nosso país esteve mergulhado durante quatro anos! Momento em que vimos a destruição quase total de nossa cultura,  relegada à escandeio, quando aqueles que mais precisaram  tiveram o acesso a verbas fechado, enqaunto os amigos do rei puderam construir verdadeiros palácios, devido aos rios de verbas com uqe foram agraciados!´Ainda pior que isso é a constatação de que muitos de nossos verdadeiros expoentes culturais partiram sem que fossem sequer lembrados e homenageados pelo agora ex-chefe do Executivo de nosso país!

Que falar da educação, cuja destruição alastrou-se desde o ensino fundamental, passando pelo médio e chegando ao superior... enquanto às crianças faltava merenda e livros, destruiram o ensino médio para que os pobres não possam mais usufruir do ENEM para o ingresso nas grandes universidades... Que dizer do total esfacelamento do EJA que propiciava ensino àqueles que não tiveram como fazê-lo ao longo de suas vidas? Quantos pesquisadores, por sua vez, tiveram de abandonar anos de pesquisa devido à penúria a que ficaram relegados com o atraso e os cortes nas bolsas do CNPQ?

Nunca o desmonte da educação e de seus profissionais assumiu formas tão perversas de desmantelamento, como vimos nesse período, a ponto de o simples fato de se ser professor fosse motivo de ser apontado como uma criatura do mal... Para piorar tal situação, maximizou-se tal situação pela descoberta, por uma parcela significativa da população, das redes sociais como expressão educacional, a ponto de se abandonar o fato e a verdade, para que a fake, a mentira, a ilusão assumissem seu lugar!

Bolhas virtuais proliferam-se, como símbolos desse novo status e de sinal de pertencença que levaram a cenas lamentáveis a que tivemos de assistir: falsos patriotas, vestidos com roupas de outras nações, pedindo intervenção militar, enquanto outros cantavam o Hino Nacional ora diante de um pneu, ora com os braços levantados num clara saudação nazista do Terceiro Reich, ora marchando como um exército de zumbis... Que dizer daqueles que, em círculos, pediam a assistência a ETs para que anulassem o resultado das eleições e empregavam as luzes do celular no alto da cabeça para chamá-los à ação?

Cenas dantescas!

Que dizer da situação da saúde senão uma ação coordenada de total incompetência e descalabro? Mais de 700.000 brasileiros perderam a vida, devido a total inépcia do governo em tratar com a questão, numa atitude pensada e premeditada, verdadeiro genocida daqueles a quem caberia zelar pelo bem comum. Que dizer do total negacionismo da letalidade da COVID-19, numa busca frenética por ceifar a vida dos mais pobres e dos mais velhos? Isso porque a  vacinação no Brasil sempre foi um modelo para o mundo; quase todo o sistema, porém, foi, ao longo desse período de trevas, sendo minado, desconstruído, para que a cura e a salvação viesse dos novos curandeiros e vendilhões dos novos templos!

A Amazônia destruída, a ponto de as nuvens de morte das quimadas chegarem, inclusive, até São Paulo! Seus povos originários sendo envenenados por mercúrio ou à bala: não merecem viver...

Basta, o povo gritou basta nas urnas, apesar de que ainda assim, muitos doutrinados insistem em não querer aceitar: eis o poder da doutrinação, o poder da imagem!

Realmente, queremos acreditar que a esperança vai renascer das cinzas, e que o Brasil e sua população, mentalmente sadia, possam sair dessa situação, como uma fênix renascida!

 

Este número está mais que especial! Grandes autores nos brindam com artigos de excelência. Assim, começamos com o artigo dos pesquisadores Gerson Heidrich da Silva e Ana Paula Silva Dias que vão abordar a questão da tragédia, do humor e da catarse diante da moralidade, ainda mais após esse período tão conturbado, quando buscam analisar, à luz da psicanálise, o riso e a risada subjacentes aos discursos manifestos e contextos vividos pela personagem Arthur Fleck, no filme Coringa, de 2019. A obra suscitou importantes temáticas da vida social, tais como maternidade, violência, condenação, solidão e pertencimento. Estas temáticas propiciaram as principais noções resultantes da pesquisa: a tragédia da vida, o humor como enfrentamento e a catarse.

A pesquisadora Annateresa Fabris, após uma longa pesquisa bibliográfica, brinda-nos com um artigo que tem por objetivo analisar a recepção crítica das duas exposições que o pintor português António Pedro apresentou no Rio de Janeiro (abril-maio de 1941) e em São Paulo (agosto de 1941). A leitura dos artigos dedicados às duas exposições permite averiguar como o movimento surrealista era avaliado no Brasil e como a contribuição do artista português era discutida por figuras como Sérgio Milliet, Emiliano Di Cavalcanti, Lourival Gomes Machado e Mário de Andrade.

Já Josilene Pinheiro-Mariz e Beatriz Moreira Medeiros discutem a importância de promover a leitura literária em sala de aula, sobretudo sensibilizar estudantes quanto às diferentes temáticas que são abordadas nos textos literários. Para tal, tomarm como corpus o conto "Corações Solitários", de Rubem Fonseca, publicado no livro Feliz Ano Novo, em 1975.

Quanto ao mundo do cinema, a pesquisadora Mariarosaria Fabris abordará Alberto Moravia, grande narrador, que contribuiu, ativamente, com o cinema na qualidade de argumentista, roteirista e crítico. Fabris abordará, de maeira particula, essa última atividade, tendo como foco os inúmeros artigos dedicados aos filmes do amigo Pier Paolo Pasolini, marcados, não raro, por reparos e discordâncias.

Voltada ao estudo imagético, temos a pesquisadora Wilma Steagall de Tommaso que nos mostrará que as duas intenções subjacentes do Concilio Ecumênico Vaticano II – aggiornamento e ad fontes – têm influenciado a arte da Igreja pós-concílio. Sob esse contexto, apresenta o tipo iconográfico Majestas Domini, o Cristo em Glória, característico da Idade Média que podia ser vislumbrado nas ábsides das Igrejas em forma monumental entre os séculos IX e XII. 

Por fim, o professor Jack Brandão busca desconstruir a aura de isenção metodológica empregada na obra O sinal: o santo sudário e o segredo da ressurreição, do historiador de arte inglês Thomas de Wesselow, lançada em 2012. Brandão demonstra como o historiador emprega o Sudário de Turim apenas como trampolim para que possa criar sua própria doutrina, cujo objetivo único é destruir o conceito de Ressurreição, alicerce basilar do Cristianismo, construído ao longo de dois mil anos.

 

 

Ótima leitura  e saudações acadêmicas!

 

Prof. Dr. Jack Brandão

Editor